“Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.”
Platão
O medo é uma sensação comum a qualquer ser humano e ocorre quando a nossa vida está em perigo. Este provoca sensações corporais que leva o nosso corpo a ativar o nosso sistema límbico e a promover uma atitude corporal de luta ou fuga. Assim, é lançado para a nossa corrente sanguínea uma dose de adrenalina que tem vários efeitos corporais, desde aumento do ritmo cardíaco, ativação dos nossos músculos esqueléticos ou dilatação das pupilas para aumentar o nosso foco. Basicamente, todo o nosso corpo fica em alerta para decidir como reagir ao estímulo.
Contudo, quando o medo é uma constante na nossa vida e não tem origem num estímulo específico, transporta um desgaste em todas as dimensões do ser, levando a uma perda da qualidade de vida e bem-estar.
O ataque de pânico acontece subitamente e caracteriza-se por uma sensação de medo intenso que despoleta uma série de reações físicas, sem que haja um perigo real. Habitualmente gera sensações de perda de controlo ou mesmo de morte iminente. Quando os ataques de pânico são recorrentes promovem uma perda substancial de qualidade de vida, impedindo a realização de tarefas simples por parte de quem os sofre.
Que sintomas posso sentir?
O ataque de pânico aparece de forma súbita e sem aviso, podendo levar alguns minutos a desaparecer. Após o ataque é normal sentir cansaço e esgotamento. Algumas das sensações sentidas durante o ataque são:
- Medo de perda de controlo ou morte;
- Sensação de perigo;
- Náuseas;
- Aumento da sudorese;
- Aumento do ritmo cardíaco;
- Tremor;
- Dificuldade em respirar ou falta de ar;
- Dor no peito;
- Arrepios;
- Dor de cabeça;
- Tontura,vertigens ou desmaios;
- Sensação de calor;
- Alterações abdominais;
- Sensação de formigueiro.
O que posso fazer?
Para além da ajuda de profissionais especializados, existem pequenas coisas que se pode incutir no dia a dia de quem sofre desta perturbação.
Melhorar o estilo de vida
Desde uma alimentação mais cuidada e nutritiva, a uma prática de exercício físico regular, à redução de bebidas estimulantes ou outras drogas e a redução de situações que nos promovam stress e ansiedade. Desta forma, estamos a libertar zonas de tensão no nosso corpo e a produzir hormonas que promovem o bem-estar.
Aceitação, conhecimento e compreensão
Conhecer o que é um ataque de pânico, quais os sintomas, aceitar e compreender que o que estamos a sentir é apenas uma experiência, uma emoção, uma sensação e que irá passar, permite a utilização de estratégias que diminuam a intensidade do ataque.
É importante não conotar essa experiência como boa ou má. Apesar desta ideia poder ser de difícil compreensão, o facto de não dar uma conotação/valorização, estamos a tirar força a essa situação; estamos a dar uma informação ao nosso cérebro que aquela situação não tem força e tudo o que não tem força vai diminuindo a sua intensidade.
É também importante o autoconhecimento não só da situação, mas como ela interfere connosco, que pensamentos e sensações ocorrem em nós. Dessa forma, torna-se mais fácil enfrentar a situação, pois sabemos com o que lidamos. Evitar enfrentar o problema vai torná-lo mais forte. Ao aceitar e enfrentar estamos a desmembrar todos os nossos pensamentos e crenças aos poucos, permitindo que pensamentos mais benéficos ocorra.
Temos de ensinar o nosso cérebro a não recear determinadas sensações. Ao aceitar e tentar olhar para elas com outros olhos, ensinamos o cérebro a determinar que essas situações não são realmente perigosas.
Técnicas de relaxamento
Como já mencionado no artigo “Como a ansiedade afeta a qualidade de vida” existem várias técnicas de relaxamento que podem ser aplicadas como: a respiração, o foco, a meditação, o Chi Kung, o Tai Chi, entre outras.
Pensamento
Aprender a trabalhar o nosso pensamento em prol do nosso bem-estar é de extrema importância. Estarmos atentos ao que pensamos, pensar que estamos no momento presente e focar no agora, reduzir os pensamentos negativos, focando nos positivos, ajuda-nos a criar novas linhas neuronais, no nosso cérebro, que são mais saudáveis para o nosso bem-estar.
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